O capítulo 6 do evangelho de João é
conhecido pelo famoso sermão do pão da vida. Inicia-se com a narrativa da
multiplicação dos pães, que vimos no último domingo, e tem continuidade com o discurso propriamente dito. Depois de ter ensinado àquela multidão o verdadeiro
valor da partilha e seu real poder, Jesus fala de um alimento que não passa,
mas que “permanece até a vida eterna”.
A
busca pelo maravilhoso, pelo espantoso, é característica do ser humano.
Busca-se, ainda em nossos dias, aquilo que tem algo de milagroso ou de
inexplicável. A lotação de algumas “igrejas” é sinal desta busca incansável por
parte das pessoas. Aqueles que foram em busca de Jesus e de seus discípulos
também tinham os mesmos interesses egoístas. E Jesus diz isso claramente:
“estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e
ficastes saciados”. Mesmo depois do evento há pouco acontecido, que evocava o
valor da partilha, eles ainda buscam um messias poderoso, “forte e dominador”.
É
retomada a imagem do maná no deserto, como um sinal dado por Deus para
alimentar o seu povo. Aqui também continua a comparação entre a pessoa de Jesus
e a de Moisés. Essa imagem do pão dado por Deus era muito forte para aquele
povo. E Jesus esclarece muito bem este fato: “não foi Moisés quem vos deu o pão
do céu”. E completa: “É meu pai quem vos dá o verdadeiro pão do céu”. As
pessoas não conseguiam entender a profundidade das palavras de Jesus e achavam
que ele estava falando simplesmente de pão.
Em
meio a toda esta situação, Jesus dá início ao discurso ou diálogo, se
preferirmos, sobre o pão da vida, e já começa de uma maneira inesperada: “Eu
sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome, e quem crê em mim nunca
mais terá sede”. A Igreja vê nesse texto uma fundamentação para o sacramento da
eucaristia que seria instituído tempos depois. Mas também pode-se ver mais
coisas. Ir a Jesus é, além de recebê-lo na eucaristia, comprometer-se com seu
Evangelho e seus valores. Como o pão que alimenta nosso organismo, Jesus pode
saciar nosso ser plenamente. Só n’Ele podemos encontrar a verdadeira
felicidade. O “nunca mais” de Jesus deve ter início aqui entre nós e daí se
prolongar por toda a eternidade.
Dessa
maneira, é possível a construção do mundo sonhado por Deus e mostrado por Jesus
na multiplicação dos pães. Mais do que se alimentar de pão de cevada, o
seguidor do Cristo deve ter n’Ele seu alimento. Este é o pão que deve ser
sempre buscado e pelo qual não devemos medir esforços. Que possamos, como
aquelas pessoas, pedir a Jesus: “Dá-nos sempre deste pão”.
Manoel Gomes Filho, seminarista Paulino
Agosto, mês vocacional. Tempo de refletirmos e
rezarmos pelas diversas orações em nossa Igreja. Hoje lembramos, de maneira
carinhosa, a vocação sacerdotal. Rezemos por todos os nossos padres, para que
sejam fiéis à sua vocação, assim como por aqueles que estão se preparando para
assumir este ministério na Igreja. Enquanto isso, continuemos rezando: “Enviai
Senhor operário para a vossa messe”!
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