sábado, 28 de julho de 2012

PARTILHAR É MULTIPLICAR!



No Evangelho do domingo passado, vimos o encontro de Jesus com a multidão e sua compaixão diante da mesma que, para ele, era como ovelhas sem pastor. Esse sentimento de ternura e compaixão fez com que ele interrompesse um momento de descanso e retiro com seus discípulos, depois de uma missão, para ensinar àquele povo. Hoje, há um novo encontro com uma multidão e a realização de um dos grandes “sinais” por parte de Jesus. Muito mais do que um milagre, temos nessa passagem um ensinamento.
            No texto (Jo 6, 1-15) há uma forte tendência de equiparar Jesus, o novo Moisés, com o Moisés da antiga Aliança. Vários elementos como a Páscoa, a travessia do mar, a subida na montanha e a fome do povo deixam evidente essa comparação. Para o autor deste texto, Jesus é, de fato, o novo Moisés. Essa é a conclusão a qual o povo chega ao fim da narração: “Este é verdadeiramente o profeta, aquele que deve vir ao mundo”. Devemos nos aproximar, portanto, deste texto tendo em vista essa importante chave de leitura.
            Jesus, com sua grande sensibilidade, se preocupa com o que a multidão que vem ao seu encontro haverá de comer. Ele não se preocupa, portanto, como muitos gostariam, somente com a alma das pessoas e com o alimento espiritual. Ele está também preocupado com o estômago daqueles que ali estavam. A preocupação de Jesus atinge, portanto, o homem todo e não somente uma parte do mesmo. Essa inquietação de Jesus, conforme o texto, era uma forma de colocar seus discípulos à prova. Ele, como Moisés, sabia que Deus haveria de alimentar seu povo. E assim foi.
            A solução vem de forma bem simples: um menino que traz a “ração” do povo pobre resolve entregar o que tem para que seja partilhado. Ele poderia ter feito como toda aquela gente fez e guardado, para si e para os seus, o que trazia. Mas ele quis fazer diferente. Para que haja a multiplicação do pão é necessário que haja a partilha. É preciso que cada um se disponha a repartir o pouco que tem. A atitude daquele menino foi entendida como a solução para o problema que havia surgido.
            O gesto de Jesus lembra claramente o ritual da ceia eucarística. Isso não é, de maneira alguma, uma mera coincidência. O autor quis mostrar que a verdadeira multiplicação dos pães acontece a partir da ceia eucarística, quando os cristãos se comprometem a viver conforme o se Mestre. Naquele dia não ficou ninguém como fome e ainda restou 12 cestos de pães, número muito significativo. Também hoje se nós cristãos vivêssemos a partilha, como aquele simples menino, não haveria tanta gente passando fome e ainda teríamos excedente.
            Jesus deixa claro como é o mundo que ele deseja: um mundo sem famintos, onde todos têm o que comer e ainda há sobra. Esse mundo só pode ser alcançado por meio do amor pregado por ele: “amai-vos uns aos outros”. Sem este amor, nunca teremos um mundo saciado plenamente. Afinal, a fome do mundo não é somente de pão. Precisamos partilhar nossos bens, mas também nosso ser. Devemos perceber, como Jesus, as necessidades das pessoas. A partir disso, buscar formas de ajudar a estas pessoas. Com um gesto, uma palavra, uma atitude, ou mesmo até um silêncio é possível saciar pessoas famintas e sedentas em nosso meio.
            Como têm sido nossas celebrações eucarísticas? O que buscamos, quando delas participamos? É preciso que elas sejam momentos de vivência do amor comum e da partilha de bens e de vida. Se não for assim, não podem ser chamadas de assembleias cristãs.

manoelgomescrn@yahoo.com.br
           
           
           
            

Um comentário:

Rose disse...

Sem dúvida meu irmão você recebeu do Senhor a unção na explanação da Palavra. O segredo é esse, viver verdadeiramente o Evangelho e nada nos faltará, nem para mim, nem para vc, nem para a humanidade inteira. O Senhor já nos ensinou, precisamos segui-Lo. Abraço.